O aperfeiçoamento das técnicas de reanimação e dos cuidados médicos e cirúrgicos neonatais permitiram o aumento da taxa de sobrevivência dos prematuros de baixo peso e menor tempo de gestação o que, consequentemente se traduz num aumento dos casos de retinopatia da prematuridade (ROP). Estima-se que nasçam por ano 13 milhões de prematuros em todo o mundo, dos quais cerca de 50 000 irão desenvolver alguma forma de ROP ameaçadora à visão.
A ROP continua a ser um desafio nas unidades de neonatologia, tendo-se verificado nas últimas décadas um esforço para prevenir o seu desenvolvimento através do controlo dos fatores de risco. Apesar disso, a maior parte dos tratamentos actualmente disponíveis estão dirigidos para as alterações que surgem já numa fase em que se estabeleceram as alterações vaso-proliferativas.
O VEGF é um factor de crescimento necessário para a angiogénese normal e desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento de várias doenças vasculares retinianas proliferativas, incluindo a ROP. Nesse sentido, nos últimos anos tem crescido o interesse na utilização dos agentes anti-VEGF no tratamento desta patologia, tanto em monoterapia como em combinação com a fotocoagulação laser.
O artigo apresentado por estes autores faz uma revisão sobre vários trabalhos e ensaios clínicos randomizados que suportam o uso dos anti-VEGF para o tratamento da ROP.
As vantagens do uso de anti-VEGF incluem: melhor eficácia para a ROP na zona I ou ROP agressiva posterior, permitir a vascularização anteriormente sem a perda de campo visual permanente, permitir a regressão vascular mais rapidamente, pode ser administrado sob anestesia tópica e pode estar associado com menos alterações refractivas (miopia e astigmatismo).
Há que referir algumas desvantagens, nomeadamente: é um tratamento off-label, desconhece-se se a absorção sistémica poderá causar atraso no desenvolvimento de outros órgãos, pelo que o uso de fármacos com menor semi-vida e absorção sistémica podem ser benéficos, o período de follow-up em monoterapia é imprevisível (podem ocorrer recorrências para além das 54 semanas pós-gestação), as recorrências tendem a recorrer mais tarde em relação ao laser (16 semanas vs 6 semanas) e existem ainda vários aspectos do tratamento que não estão definidos (distância da injecção em relação ao limbo, dose óptima).
Em conclusão, os agentes anti-VEGF são uma terapêutica em crescimento, mas a sua utilização deve ser criteriosa tendo em conta os riscos vs benefícios.